Graffiti Interior: Um olhar para Alagoinhas *PINHO BLURES
Sou
natural de Salvador, batizado como Josemar Blures de Souza Dias, sou fruto da
terra de chão batido do alto do coqueirinho em Itapuã, mas não aquela Itapuã
do Vinicius de Moraes, tenha certeza que não... Lá vivi toda minha infância e
presenciei as inscrições urbanas (pixação) que se espalhava pelos cadernos dos
adolescentes na época. E eu como um bom amante do Desenho desde muito cedo fiz
de minha infância da década de noventa uma aproximação para a representação das
coisas que gostava inclusive para a cópia dos alfabetos de Pixo.
A
cidade de Alagoinhas entra na minha trajetória porque é a terra natal dos meus
pais, que de forma muito comum na época foi tentar a sorte na capital. E com a
morte do meu pais e este já estar divorciado de minha mãe, tive que regressar a
cidade para estar com minha mãe. Um trauma tremendo, para aquele moleque
arteiro, do babinha na rua, membro dos grupinhos de empinar pipa e roubar
bolacha recheada em supermercado.
Demorou
um pouco para que o menino semi órfão encontrasse um chão no auge dos seus 12
anos na pacata cidade do interior. Minha adolescência foi meio isolada,
restrita entre eu, a raiva e o Desenho, meu fiel companheiro!
Minha aproximação com o graffiti teve inicio em 2003 através do movimento Hip Hop na época que já acontecia a alguns anos na cidade, mas que eu fui só me aproximar nesse período. E dentre as modalidades artisticoculturais claro que o Graffiti foi minha fiel paixão, também queria projetar meus desenhos assim nas ruas, falar o que estava imaginando, confabulando...
Os
primeiros trabalhos que fiz foi com látex e rolinho, normal como todo aspirante
naquela época e somente depois fui inserindo aqueles sprays de pintar móveis:
Renner, ColorJet (risos).
Ainda durante minha adolescência empoderei meu pensamento pra educação, pros movimento sociais, pro Hip Hop, pro movimento negro, movimento estudantil, até te buscar a entrada no ensino superior e este me afastando um pouco das ruas. Cheguei a viver a ilusão de viver a parte de minha família e de minha comunidade, confesso! Mas com a mesma serenidade recobrei a consciência e tomei pé do meu papel enquanto GRAFFITEIRO primeiramente e depois das minhas demais atribuições, algo que hoje fundamenta o meu pensamento e minhas virtudes.
Todo
esse turbilhão de acontecimentos contribuiu para a continua transformação da
linguagem com quem trato meu trabalho como graffiteiro. Sempre busquei ser mais
expecífico dentro dos conceitos que fui agregando para ampliar o discurso do
meu trabalho.
Na
atualidade há uma conformidade de tratar o uso da geometria enquanto estratégia
de formação das minhas imagens, o quadrilátero! E a partir dele reinterar
aspectos da face humana e pictórica amparada por policromia, elemento de tratamento
que me chama bastante atenção.
Nesse tempo enquanto atuante na prática do graffiti mesmo quando não possuía dinheiro para custear meus materiais, utilizei por base a colagem, o desenho, a gravura, a pintura de tecido, a tela a óleo, instalação e tudo que me desse a possibilidade de não ficar parado, distante do processo criativo que auxilia o desenvolvimento dos meus personagens.
Dentro
deste aspecto sempre fui um observador e um colecionador de referências e estes
estão além do Graffiti, uma música, uma poesia, um filme, um livro, uma volta
pelo bairro, um abraço, a natureza... tudo vira justificativa para continuar!
Não
sei até onde o Graffiti vai me levar, só sei que as melhores coisas que possuo
hoje na vida ele esteve envolvido, seja no encontro de amigos, novos irmãos,
minha formação acadêmica... O graffiti é minha vida! E com ele irei conviver
até a morte, porque quando ele se for eu também não estarei mais aqui...
Texto
sobre responsabilidade do artista
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- Facebbok e Instagran: Pinho Blures
Fotos do Artista.
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