A CIDADE É DE QUEM?
O "Direito à Cidade" é uma reivindicação bastante atual. Constitucional, é pra toda cidadã que transita neste espaço urbano. Para que cada um/a se sinta parte.
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Eder Muniz |

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Bigod |
O Transporte público de qualidade no qual a sociedade possa circular de uma ponta à outra entre ruas, avenidas e vielas é uma verdadeira provação. Isso porque andar a pé ficou difícil, e de ônibus ou metrô o preço alto e a qualidade baixa imperam, além da falta de opção no trajeto ter se tornado uma estratégia recente de nos manter em um só lugar - geralmente onde estejamos menos confortáveis. PARA QUE AS PESSOAS POSSAM SE Locomover em melhores condições de suas residências até o trabalho ou escola é necessário TOMAR POSSE DO direito de ocupar a cidade. Para isso, precisamos responder a pergunta que entitula este texto. E a resposta é "a cidade é nossa!".
E queremos ir além da mobilidade!
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Força das Mulheres do graffiti |
PRECISAM TER O Direito de estar nas cidades e intervir nelas, opinar e fazer da cidade nosso espaço de criação, convívio e sustento. As grandes empresas e construtoras tem esse "direito" adquirido em contratos, sem negociar com eu e você, que estamos nas cidades todos os dias. Elas intervém subjetivamente com propagandas em outdoors, cartazes, DENTRE OUTROS MEIOS DE PUBLICIDADE; nas grandes construções de prédios em orlas marítimas ou nos lugares mais privilegiados do ponto de vista da paisagem/solo. O concreto "sai comendo tudo", acabando com a passagem de ventos/circulação de ar, nos sufocando. Dois grandes exemplos são os edifícios na Orla de Salvador, quase tomando a praia pra si, e a urbanização da cidade de São Paulo, aterrando nascente e rios. Nos dois casos quem mais sofre são os/as trabalhadores/as. Há ainda as violências simbólicas , quando as publicidades urbanas exploram o corpo das mulheres em grandes propagandas EXPONDO seios e bundas, reforçando a coisificação da vida, tão combatida por ativistas feministas. Não bastasse a tentativa de destruir toda forma de vida do povo pobre, ainda provocam sentimentos de incômodo para nos fazer sair de circulação.
E POR que SÓ AS GRANDES EMPRESAS exercem estes "super poderes" sobre as cidades?
Porque o Estado reforça preconceitos de gênero, classe, raça, orientação sexual e se utiliza do desserviço destas empresas para reprimir tais expressões, tentando disciplinar nossas vidas: por onde andar, com quem andar e o que fazer.


O Estado criminaliza arte urbana, sem saber o que ela significa.
Pixação é escrita urbana!
Graffitti é escrita urbana! Cada um com uma linha, sua história, mas os dois vêm da mesma essência. A disputa da cidade com carros, poluição sonora,outdoors, lambes, cartazes,moradores de ruas,ambulantes DENTRE outras manifestações. Ocupamos a cidade para interagir e não para explorar.
Estamos recebendo represálias na cidade, onde as regras não são combinadas com o povo.
E quem vai dizer se graffitti ou pixação é ilegal ou não? Um Estado que nos põe na ilegalidade todos os dias? Polícia, guarda municipal, fiscal... Confuso não?!
O artista urbano ressignifica muros esquecidos e sujos. Marcam lugares. Reconhece a região, a torna importante, mais alegre.
Para o graffitti a arte será marca do artista e mensagem para comunidade que a recebe. Isso significa dizer que os moradores daquelas localidades no qual o graffitti ocupa são importantes para a arte. A leitura do Graffiti vai muito na linha de transformar não apenas a parede mais a comunidade que ESTÁ em volta.
O Estado a questão quando lhe convém, se for pra "embelezar" espaços elitizados, ou comemorar aniversário da cidade (olha Salvador aí outra vez). Porém, não temos o que comemorar! Nos últimos meses assistimos diariamente jovens negros artistas sendo agredidos, expostos a violência psicológica e até mortos por não estarem expondo sua arte em galerias, feiras ou prestando serviço á administração da cidade que só aliena nossos direitos.
Entendam! A essência do Graffiti é a rua, nossas ferramentas transformam a cidade em verdadeiras galerias e arte/denúncia. EM cada grafiteiro/a tem homens e mulheres majoritariamente da classe trabalhadora, moradores de periferias, que sofreram por falta de saúde, EDUCAÇÃO, arte e lazer e veem o Graffiti como potência para seu grito.
Grande coletivo mostra Força dos nossos grupos de artistas.
Temos o direito de ocupar a cidade sem que o Estado venha dizer o que é bom e certo, ruim e ilegal? Todo cidadão tem o direito de usufruir suas cidade. Cuidar, resignificar, ocupar dando outros sentidos para além do mercado é nossa missão, porque a cidade é nossa!
Texto:Chermie Ferreira,graffiteira e militante do coletivo ENEGRECER
Redes sociais: @chermieferreira
Todas as imagens coletadas na internet.
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