Hip Hop Solidário - Mutirão na Baixa do Tubo
Chamado de tambor toque de guerra xarope e Bigu
Quando o Rum
e o Pi e o Le foi tocado um dia desses por Xarope MC e Bigu, convocando os
amigos pra um Hip Hop Solidário na Baixa do Tudo, pensei, quanta redundância
nesse título? Se é Hip Hop é solidário; se é Hip Hop é de comunidade. A
essência desde zumbi fazia Hip Hop solidário pra queimar casa grande ou pra
recuperar escravos, desde que Zeferina juntava os outros em mutirão solidário
pra não permitir a caça dos escravizados no Quilombo dos Urubus.
Assim, lá vai eu e Bigod cantando Racionais MC’s,
música nova era 1997, mas era também 2016, depois de quase vinte anos, era a
mesma faculdade, “mano, um truta meu
preto zica disse assim mo fita”. Descemos na Bonocô e perguntamos a
tiazinha na passarela, ela nos indicou e fomos andando em direção a uma
comunidade que não conhecíamos e que já tínhamos ouvida falar mal, pela boca de
do Programa do Bocão, e claro, pela música de merda que Luis Calda, que fez
música racista e machista, que falava mal da comunidade e isso todo mundo
conhece bem.
Fomos seguindo com pouco receio, pois tínhamos no Hip Hop o cartão de acesso à qualquer quebrada e, claro, a conduta
de quem é de rua, sempre anda no sapatinho quando entra na quebrada. Sabe
respeitar, pedir licença e bom dia pra os que ali estão. Sabe bater cabeça pros
dono da rua antes de sair de casa. Fomos perguntando a um e a outro. No bolinho
falando alto e dando risada, um mano (sem camisa, com porte de lutador), estava claro que ele sabia de tudo que acontecesse no reino da Baixa do
Tubo. Fui até ele e perguntei: “e ai
irmão, sabe onde fica o fim de linha? Vai ter um evento de Hip Hop.” ele
deu uma risada retada e largou de Xarope: "Ele é meu primo, vou levar vocês até
lá." E seguiu falando com um, falando com outro.
Né que eu estava certo, ele era herói da molecada,
lutador de boxe. Fomos sendo bem apresentados pelo beco a dentro, chegamos ao
que podia ser até uma praça, mas embaixo da lona era o Quilombo da Baixa do Tubo.
Quilombo de Xarope, Quilombo de Bigu, de outros tantos que por ali se encontrariam.
Meio dia em pino,
paletada do caraio, pra chegar era básico, perguntei a Xarope onde rola um
rango, ele nos levou pra comer uma dobradinha daquelas que depois é só deitar. E o engraçado é que alguém da trupe não tinha dinheiro nem pra comer, kkk demos
risada, pois onde come um, come mil. Imagina ai, ponto pra nós, pois nem há fome
para o graffiti. Foi chegando mais um, mais outro, mais outro, já tinha vários
graffiteiros, fomos pintando. Nada nos para, nem a chuva, nem a dor de dente,
nem os chocolates, nada nos para. Estamos com disposição, estamos com tesão
pelo que fazemos. Pintar na nossa rua, na nossa viela, cantar pra os nossos.
Ás vezes, a resistência é só não mostrar
medo, ou engolir a seco a lágrima das nossas vítimas. Mas hoje, Xarope feliz
pra carai, batemos um papo, às vezes a resistência é só levantar a cabeça,
começa o som com os irmãos cbx Cajazeiras, Cabula, mil outros lugares de um monte
de gente que não fica calado. Às vezes, a resistência é só um show fantástico. Ás
vezes, a resistência é um irmão que faz um chamado de guerra. Ás vezes, a
resistência é o mototáxi que leva a galera segura pro ponto, faz o papel de
mensageiro. Enquanto isso criançada no meio correndo, os coroa massa no meio
dançando, e a gente lá constatando as mazelas que iríamos ter que enfrentar. As
armas pintadas, ás vezes um machado de Xangô na esquina nos faz empunhar a
arte.
Ás vezes, a resistência é uma revista, é o
rap, o break ou o graffiti. Dente doendo? Nada vai nos parar. Hip hop Solidário?
Dei uma risada quando lembrei da redundância dessa frase. Xarope brincalhão
demais. E tem outro Hip Hop? Sem ser solidário é? Nós por nós, quando Zumbi
chegar, se ele for na Baixa do Tubo, ele vai ser bem tratado, pois Zumbi não
vai com medo nas comunidades, ele não escuta a TV no horário de meio dia.
Vou pra casa dormir cedo que amanhã tem
mutirão de graffiti no Alto do Cabrito.
Julio Costa
Xarope Mc fala da importância do graffiti no evento.
Shermie |
Pita |
Meu show sempre será um ato político de resistência, esse vídeo é um pedido de desculpa de nós homens a todas as mulheres violentadas diariamente no mundo. Os 33 não passaram.
Então mulheres mais uma vez esse é nosso pedido de desculpa!!!!!
Revista quilombo |
Coletivo de entidades Negras |
Djxs |
RappXs |
RappXs |
ComunidadXs
criançxs
|
GrafiteirXs |
Teve muito Rap pelo microfone de vários artistas de salvador.
Clip de Xarope que mostra bem o dia a dia da comunidade o Hip Hop Solidário vive!!!
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